27.12.2021



 A noite fatídica, em que me lembrei de seguir os impulsos, dar asas ao desejo e ver o que poderia dali sair. Se eu pudesse voltar atrás, se eu pudesse! São estes os amargos arrependimentos que me perseguem. De hoje para a frente, tive direito a um espetáculo digno de novela mexicana, com paixão fervilhante à mistura, lágrimas pelo meio, gargalhadas pela noite dentro, conversas que duravam horas e horas , silêncios mudos e gritos de alegria, mentiras, enfim, eu tive de tudo. Do bom e do mau, do normal e do estranho, do que nunca mais quero experimentar e do que deixou(-me) saudades, (muitas). Não sei se me considero felizarda por, ao menos, ter tido a (falsa) impressão de que alguém poderia retribuir a magnitude dos meus sentimentos, mas vejo agora que não é bem assim. 

   As pessoas, os humanos, são estes bichos muito bizarros. Então quando toca a sentimentos e emoções, ui, a coisa piora mesmo. Em termos de relações, de compromissos, após as minhas experiências aliada com anos de observação, chego à (contraditória) conclusão de que (isto é muito simples): Se gostas de alguém, não o demonstres. Há que ser princesa enclausurada no cimo da torre, e há que fazer o príncipe ir acima buscar-te. Que importa que tu tenhas um elevador ao teu lado e a porta de entrada estar destrancada? Ele TEM de subir  a torre e salvar-te do dragão. E talvez tenha sido (um) dos meus erros, quem sabe? Eu, que lhe quis poupar o trabalho de subir a pedra, abri-lhe a porta mal o vi, e dei-lhe as boas-vindas de braços abertos e sorriso no rosto.  Não que isso importe agora. Já acabou, e só eu me lembro do dia. Ele não se lembra. Hoje é mais um dia para ele ser feliz com outra princesa.

   E é isso. Hoje é mais um dia. Vou ficar por aqui, agora que regressei, a fazer o mesmo de sempre, a pensar e a contemplar, a ler de janela aberta para o vento entrar e mudar a página, a acariciar as telas com os pincéis. Sairei (não àquela hora) e vou-me distrair. Manjarei e beberei em companhia, cantarei em multidão, sorrirei com os demais.  E no regresso, hei-de passar por aquela rua, só para olhar para aquela casa abandonada. Ela sabe que dia é hoje.

Comentários

boa tarde
li a última postagem e acho que escreve bem.
tambem vim agradecer a sua visita ao meu Maresias e desejar um bom ano novo cheio de saúde.
continuação de uma semana cheia de paz.
deixo um beijo
:)

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