Ist alles so leer ohne dich.




Por vezes, sinto que estou numa terra estrangeira, que à muito deixou de ser minha. Num teclado sem acentos, confronto a minha língua nativa com a tradiçã0. Por mais que queira mudar, perdi os acentos.

Se calhar, ainda é muito cedo para voltar a escrever. Reflicto e pergunto-me se não será melhor esperar, deixar o vinho descansar o tempo necessário para se tornar no néctar dos deuses. But who am I kidding? Sempre me rebelei contra os relógios, essa invenção maligna dos Homens. There is no time, only clocks

Eu só tenho o agora, o presente. E é um presente que abro no silêncio da noite, naqueles breves minutos em que choveu tão suavemente, quase ninguém ouviu, essa chuva clandestina.  Enclausurada em paredes de rosas brancas, deixei algo atrás, muito para além da inocência da ilha que fugi. 

   Se calhar, ainda não estou pronta para voltar a escrever. Talvez, acreditando nos versos da outra canção, eu só sei ser quando estou apaixonada. E nesta terra tão vasta, tão cheia de pessoas bem-educadas nos supermercados, não antevejo  perspectivas de tal. E sim, há dias que acredito nas irmãs M&M, de como seria simpático ter um " alguém". Dias como hoje, dia abafado, de nevoeiro que se abateu na cidade e trouxe a melancolia europeia para me fazer companhia.  

   Sinto-me melhor. Ou talvez me iluda, eu nao sei. Nunca deixei o estado hipnótico da confusão emocional. Deixei de me conhecer quando abri o coração a uma sombra fria, que me sugou a energia e a vontade de lutar. Fiquei oca cá dentro. Passiva e sombria, adoptei o cinzento como manta maternal. Começo a acreditar que essa paixão doentia foi um acto de rebelião do meu coração, sempre tão ingênuo. Só que, desta vez, o castigo é perpétuo (essa palavra que ele despreza, como me despreza a mim).

Descobri uma caixinha de musica, com a típica bailarina que rodopia quando a abrimos, e lá dentro, coloquei o que restava de mim. Coloquei aquele meu sorriso sincero, o olhar fraternal, as mãos prontas para auxiliar o próximo. Esta lá' encerrado, e afundei-o no Horse Pond Lake, o lago assombrado. Reza a lenda que num Inverno (visto que o lago congela devido as baixas temperaturas),à muito tempo atrás, ia um senhor numa carruagem a carregar um piano, para o levar para o outro lado do lago, sob o gelo, gelo esse que sucumbiu com o peso, fazendo com que o senhor, o cavalo  e a carga se afundassem no lago. Faleceram os envolvidos, e nunca foi possível recuperar o piano. Mas quem vai para o lago, quando o vento estival não sopra, e não passam carros na estrada, consegue ouvir o piano a tocar. Ainda se ouve o piano a tocar, depois de todo o tempo que passou. E agora, o que restou de mim pertence ao fundo do lago - se tal existisse.


"And did the twin flame bruise paint you blue?
Just between us, did the love affair maim you too? 
'Cause in this city's barren cold
I still remember the the first fall of snow
And  how it glissned when it fell,
I rememeber it all too well
Just between us, did the love affair maim you all too well?
Just between us, do you remember it all too well?
Just between us, I remember it all ..."

Comentários

Por muito simples que possa parecer essa é mesmo a melhor solução!

Bjxxx
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